20 de Março – Dia Mundial do Teatro para crianças e jovens – Mensagem de YVETTE HARDIE

MENSAGEM DE YVETTE HARDIE PARA O DIA MUNDIAL DO TEATRO PARA CRIANÇAS E JOVENS

Tradução: Cleiton Echeveste (CBTIJ/ASSITEJ Brasil)

O que significa para uma criança entrar em um encontro criativo, ser convidada para uma nova experiência artística? Por que isso é tão importante para todas as crianças?

Recentemente, tive o privilégio de escutar Yo-Yo Ma, o grande violoncelista, falar e tocar, e ele se referiu ao que chama de hospitalidade cultural. Ele vê isso como a capacidade (e de fato a obrigação) das artes de acolher o que é novo, inovador e criativo, o que é marginalizado, inédito e ignorado… Na sua opinião, é nossa tarefa como artistas sermos hospitaleiros com essas vozes, formas e técnicas, e durante o processo nos permitirmos mudar.

Isso me lembrou o que significa ser anfitrião e o que significa ser hóspede. E um dos elementos mais importantes de ambos os lados é a qualidade da escuta, a vontade de sair do que é conhecido e confortável e de abraçar e celebrar a diferença.

O grande anfitrião é quem faz com que todos se sintam em casa, independentemente de onde eles venham ou quais sejam suas experiências. É quem deixa seu ego de lado por genuíno interesse por essa pessoa que veio visitá-lo. É quem quer dar a todos a melhor experiência possível. O grande convidado é aquele que vem com uma curiosidade sem limites para o encontro, querendo aprender sobre o outro, sem medo de tentar algo novo.

Nesse espaço de receptividade mútua, encontramos conexão, encontramos surpresa e aprendemos profundamente. Deixamos esses encontros alterados. Nós tocamos o que nos torna humanos, em nós mesmos e nos outros…

Este é o momento precioso que as artes nos dão. Como artistas de teatro, precisamos encontrar maneiras de convidar crianças e jovens para esses encontros com um espírito generoso, desejando escutar o público tanto quanto queremos que ele nos escute.

E quando isso acontece, sentimos que a conexão começa a crescer… encontramos um terreno comum, vemos o quadro geral, temos lampejos de compreensão e sentimos aquela onda de sentimento compartilhado que chamamos de empatia. Temos a sensação de que somos importantes, que os outros são importantes, que o que estamos explorando juntos é importante.

Nesta época em que mais e mais pessoas são deixadas de lado, rejeitadas nas fronteiras e nos aeroportos, por serem de classes, etnias, idiomas ou religiões diferentes, é o artista que tem a capacidade de fornecer um sentido de pertencimento, de conexão.

E toda criança precisa disso.